CAPÍTULO I
BOTANDO FÉ NA JUVENTUDE
Campo
Grande, 04 de junho de 2012 – segunda-feira
Oi, C.!
Estive pensando na melhor forma de
partilhar esta experiência de minha juventude com você. Porque afinal, você não
poderá ir ao Rio de Janeiro no ano que vem para participar da Jornada Mundial
da Juventude. Mas estou na certeza de que irei e de certa forma, por isso, uma
parte de você vai também.
Na verdade uma experiência assim não
pode cair no esquecimento ou no rol das coisas cotidianas como se não tivesse a
grandiosidade que sabemos bem que tem. Minha querida amiga, C., não será fácil
a tarefa de narrar uma aventura épica como prometem os fatos. Apesar disso,
talvez por isso mesmo, amando desafios, escrevo a você com muito prazer tudo
aquilo que me for possível expressar por palavras sobre esta inesquecível
peregrinação que torna uma multidão de jovens em um só, um mesmo coração, o uno
corpo místico que comunga seu Senhor.
Dia vinte e três receberemos a Cruz
da Jornada e o ícone de Maria que ganhamos, a juventude mundial, das mãos do
saudoso papa peregrino, João Paulo II.
Esta é a mesma cruz que a cada
jornada é passada de uma nação a outra, pelas mãos de tão diversas cores, dos
jovens cidadãos deste e do vindouro mundo. Fico emocionada ao lembrar a
primeira vez que vi um vídeo sobre a JMJ.
Foi na casa do Alex Fábio. Estávamos
ele, Fabiano e eu em sua sala conversando, quando ele propôs mostrar um vídeo
que adquiriu no ISEP[i]
que participou em Santa Maria. Ele colocou não o documentário inteiro, mas o
clip inicial de apenas cinco minutos.
Nossa! Ninguém falava nada naquela
sala, somente os olhares dialogavam. Eu via naqueles rostos desconhecidos um
sorriso de satisfação que também me recompensava, que me abraçava e levava com
eles no meio da multidão daquele povo que era em verdade o “meu” povo. Pensei:
“Obrigada, Deus, porque eu faço parte disto, porque eu sou isto!”. Milhares de
jovens que saíam de tantas partes do mundo, sabe-se Deus com que provisão, com
mochilas nas costas, tênis nos pés e mãos ansiosas por tocar, olhos
transbordantes por apenas vislumbrar de longe... Vislumbrar não apenas aquela
cruz, mas o significado que trouxe definitivamente à humanidade. Eu via
multidão! Eu escutava um hino de fundo, sem ao menos conhecer a letra naquele
idioma, reconhecendo apenas o refrão que insistia: “Emanuel! Emanuel!
Emanuel!”...
Eu sabia naquele momento que um dia
estaria lá, numa jornada mundial, sentindo de perto o que transmitiram de longe
e eu pude receber.
E agora, puxa vida!, a jornada é no
Brasil, em casa! E veja só, a cruz e o ícone estarão não apenas no próximo ano
em meu país, ela estará a poucos dias em minha diocese, em Campo Grande! Ela
vai passar aqui pertinho de casa, visitando minha furaria... vamos fazer
vigília com todas as instâncias jovens da diocese na noite de sua chegada...
Sei bem, minha amiga, que um evento
assim, com este significado e proporção não se repetirá em nossa geração como
desta oportunidade. É a primeira vez que a cruz chega ao Brasil! Eu tenho vinte
e oito anos de idade e minha geração canta: “No peito eu levo uma cruz! No meu
coração o que disse Jesus!”.